domingo, 20 de maio de 2012

Minha parte sobre o amor

Foi quando fiz silêncio
E você sorriu do que eu estava pensando
Aquela flor se balançou tanto
Pensei que a gota fosse derrubá-la
Pensei que a lágrima estivesse matando
Mas amanheceu bem rosa, aberta
Contente
Era amor de novo
Era amor ainda
Era amor eternamente.

sábado, 5 de novembro de 2011

Possíveis fatos

Eu levantei, e vomitei. Senti a cabeça girar um pouco, e caí. Não sei bem certo o quê e com quem falei, se estiver certa de que não era o espelho. Nesse dia eu morri, eu juro que morri. Mas quem acredita? Eu falo, eu repito: eu vi, eu vi. O homem da minha vida, eu vi. Ele me estendia a mão, colocava minha cabeça em seu ombro e me beliscava para eu chorar, e eu chorava muito, mas ele ainda chorava mais do que eu, porque soava mais alto.
Quando me dei conta que já tinha chorado demais, eu reclamei do frio, mas ele não se resolvia. Eu sempre achei que quando uma mulher sente frio na frente de um homem ele estende seu casaco. Me frustei, doeu um pouco, mas o amor da minha vida não tinha casaco, então fiquei triste. "Pobre coitado", pensei.
Fechei um dos olhos, e o outro não aguentou por muito tempo. Lembro que caí em seu colo, e era tão macio que não fazia planos de levantar. Fiquei ali, esperando que ele acariciasse meu cabelo, mas ele não o fez. Me frustei, doeu um pouco, mas o amor da minha vida...
Não estava ali.
Mas o ambiente era tão estranho que eu me perguntei se eu também estava, de fato.
E sabe o estranho? Eu não estava.
Só sei que levantei e vomitei, e senti a cabeça girar um pouco, e caí.

domingo, 6 de março de 2011

TN

Que noite triste
Que triste noite
Noite triste que
Triste noite que
...

não termina.

Aluga-se

Que lugar mais vazio. Lençóis mais sem cores. Que cortina apagada. Precisa-se de móveis novos.
Precisa-se também de um balde e de pano de chão. De caneta que preste e de visitas. Precisa-se de amigos que reclamem do colchão. Do calor. Do cheiro. Precisa-se de uma lâmpada, uma luz.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sei Lá

Eu tenho um estado de espírito que se chama Sei Lá.
Quando eu acordo com Sei Lá eu me sinto...sei lá...
Eu não leio horóscopo, eu demoro de me arrumar...sei lá o porquê!
Eu nem sei ao menos explicar porque Sei Lá vem, ele não avisa.
Eu deveria perguntar também, mas ele não faria questão de me fazer entender.
Será que ele sabe?
Sei lá.
Por mais que Sei Lá esteja comigo as vezes, eu não sei nada sobre ele.
Talvez ele tenha um outro nome, mas Sei Lá pra mim.
Sabe?
A geladeira fica aberta, os olhos também ficam, a mente...e, não sei porque, nada acontece.
Nada de estranho. Nada de estranho acontece quando Sei Lá aparece. Nada de estranho acontece, fora de mim, quando Sei Lá aparece.


Sei lá o que escrevi.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Saudade

Pensei em mil e uma formas de traduzir a saudade, de tentar contorná-la, de anestesiá-la. Tentei ainda fingir que ela não existe, tentei não lembrar de nada. Procurei frases, mas todas elas falavam de outra coisa, não de saudade, não de sua ida, não da minha dor, nada de nós dois. Estou certa de que usam a palavra saudade em outros significados, não se encaixaram em mim. E quando eu penso em tentar explicar para os outros o verdadeiro sentido, eu não consigo. Porque pra falar de saudade é preciso pensar em você, e pensar em você por enquanto ainda dói. Qualquer coisa ainda dói, e trazer à tona qualquer lembrança ainda dói. Então escrevo para fazer jus a mim, onde quanto mais palavras mais fere um pouco, mais me deixa sem nada, e quanto mais sem nada me sinto, mas me encaixo no vazio de mim só.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Indefinido por enquanto

É difícil ser imparcial quando escrevemos, por mais que fujamos para não nos expormos tanto, o nosso interior parece gostar de ser o do contra. E não é mesmo assim que acontece? Num desses encontros com a tristeza ou solidão ou qualquer outro sentimento ruim, qualquer carapuça que nos esconda nos serve, cobrimos todo o sentimento com risos, ou o usamos em um estado de indiferença. Mas o nosso interior não está contente com isso, ele não para de martelar que continua mal. As vezes ele chega a se irritar, te pega pela garganta, prende todo o seu ar, te deixa nervoso, aperta o pescoço com mais força, até descer uma lágrima. E aí ele pensa "Pensou que estava livre de mim, mas agora sim."

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Brindes Fluorescentes

Brindes fluorescentes
A Fernanda toda contente
Esperando a ceia chegar
Pra na hora do jantar
Ouvir a família rezar
A criançada aprontar
E o frango pronto para fritar
Na cadeira da vovó
Desfaz-se o nó
Da camisa, do terno do Fernando
Que sua namorada está esperando
Campainha tocando
É para o Fernando
Pausem essa melodia que está tocando!
O papai está reclamando!
É a Aliza com presentes
Mamãe fica contente
E adivinha:
São os brindes fluorescentes
Para tanta gente
Até para o fortão
Que late ao ver Marley
Passando em asfalto
O dono repara no prato
E aceita o convite
Fazendo parte do retrato
Tirado pela Vera
Que ficou uma fera
Com a foto que a Isadora a fez tirar
O Felipe deixa estar
E agora é hora do jantar
Pra comemorar os piscas de uma árvore
Com os brindes fluorescentes
Que a mamãe foi comprar

De Tati Bernardi

"Hoje eu acordei numa casa diferente,
num quarto diferente,
sem nenhuma muleta,
sem nenhuma maquiagem,
meus amigos estão ocupados,
meus pais não podem sofrer por mim.
Hoje eu acordei sem nada no estômago,
sem nada no coração,
sem ter para onde correr,
sem colo, sem peito,
sem ter onde encostar,
sem ter quem culpar.
Hoje eu acordei sem ter quem amar,
mas aí eu olhei no espelho e vi,
pela primeira vez na vida,
a única pessoa que pode realmente me fazer feliz."

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nonsense

Cilmina começou a cair de uma ladeira ensaboada graças a vassoura da vizinha que se jogou do terceiro andar porque sua galinha passava fome e a avó estava com vontade de tomar banho. Na casa da avó não tinha água, porque lá, onde morava, o século era o século seguinte e não havia mais água. Havia urina e as pessoas se banhavam de urina, e dentro de cada gota da urina tinha um imenso reservatório de giz de cera para acabar com todos os elefantes que viviam no cerrado. Os elefantes amavam os gizes de cera, se atraiam por eles, e largavam as bonecas de que tanto gostavam quando, do outro lado do Lago Fétido, avistavam gizes, mas os gizes odiavam os elefantes e fugiam deles, para que os cravos não comessem todos os capins e suas narinas enxasse tanto, mas tanto, que as barrigas se entopissem de ferro e eles virassem robôs. Os robôs se casavam com ursos e, quando se casaram com os ursos, fizeram surgir uma nova espécie: os robursos, seres bastantes robustos que devoravam ar e todo mundo queria ser amigo deles. Mas se tinha algo a que os robursos temiam era à nuvem da folha de canela, uma nuvem que aparecia a cada dez dias da semana e quando chovia, as gotonas de chocolate eram tão grandes, mas tão grandes, que todos ficavam com dor de barriga. Menos nicolas, o menino-sem-dente, então o prefeito da cidade resolveu transformar chocolate em dinheiro, então todo mundo ficou rico e ninguém mais precisou de ninguém para fazer favores, porque todos tinham grana. Logo, os sere humanos pararam de interagir entre si e a espécie humana se acabou. E de quem ficou sendo o reino? Oh! daquele que veio de longe...O zuricate, que adquiriram asas flutuantes e invisíveis que queimavam todas as coisas orgânicas do universo e assim as madeiras robustas fortes e gigantes e falantes se reuniram todas e fizeram panfletos de vidro pra comemorar a vinda dos zuricates e, como forma de recompensa, arrecadaram quinhentos milhões novecentos e noventa mil seissentos e noventa e quatro tipos de papéis diferentes, que eram comestíveis. Todos comeram, comeram e comeram e não engordaram e não cresceram. Ao invés disso, viraram seres doces e amáveis, que graças ao Rei Real, foram oprimidos. Então veio a forte onda revoltada, treinada por Washgton Williens, o maior lutador de Malácia, e queimou a cara do Rei Real com trezentos mil e novecentas e nove vírgula duas algas-marinhas. Todas essas socaram as caras uma das outras e assim nasceram as alguinhas, que viraram amigas das formigas rosas, que sobreviviam de mal cheiro, por isso se instalava na moradia do porco Simas, que, apesar de tomar banho todos os dias, não ligava para avó para desejar feliz dente novo. Mas o pai ligava para a avó. O problema é que o telefone dele não tinha teclas nem fone, logo, ela nunca poderia ouvir suas ligações e arrotava toda vez que o telefone tocava, pois até seu estômago chorava. Mas as lágrimas eram feitas de suco gástrico e sempre fazia com que ela fosse triste, já que os papéis comestíveis não lhe faziam efeito. Só que, num belo dia de manhã, quando o sol nasceu e os búfalos cantaram e o café da manhã já estava na mesa porque dona filá tinha feito, já que seu marido a obrigava a nadar todos os dias, nasceu a criatura que mudaria todas as criaturas e todos os zeus e deus e todas as torradas e todas as manhãs e sóis e búfalos e cafés da manhã e todas as mesas e todas as donas e todos os maridos e todos os nadadores e todas a criaturas...